Por que os “AnarcoCapitalistas”, não são Anarquistas.

Publicado: 3 de agosto de 2017 por franciscgiselle em Anarquismo, Economia, Política

O AnarcoCapitalismo, defende a iniciativa privada, agências privadas, e o capitalismo. Delegam a favor do capital no qual o pensamento Libertário/Anarquista se coloca como anticapitalista.

Entre as correntes do Anarquismo, temos coletivistas, individualistas, mutualistas, e outras. Correntes que posicionam contra esse pensamento falacioso que ancaps defendem. A Anarquia é baseada na negação do princípio da autoridade, do estado, onde não se tem mais governo, apenas indivíduos livres. A falácia dos ancaps, caí quando os mesmos demonstram seu comportamento extremo, mais parecido com conservadores, onde  a ideologia como algo místico, religioso. E são incapazes de aceitarem que admitir que seu sistema econômico levará ao acúmulo do monopólio pela classe dominante. E até mesmo o controle total de suas agências privadas, já que as mesmas segundos eles assumindo contratos “voluntários” são meios de garantir a ordem das coisas.

O AnarcoCapitalismo defende aquilo que o pensamento libertário e os Anarquistas desde o princípio são contra: O CAPITAL, a PROPRIEDADE PRIVADA, E SEUS FETICHES EM COLOCAR NAS MÃOS DE TERCEIROS (AGÊNCIAS, E TRIBUNAIS PRIVADOS, coisa que o estado já faz.) AS DECISÕES A SEREM TOMADAS SOBRE OS PROBLEMAS QUE PODEM OCORRER NA SOCIEDADE

Os Ancaps defendem feudos privados despóticos corporativos . Cidades Privadas, se fundamentam na falácia da hierarquia voluntária por contratos, ignoram a história social do mundo e da formação do estado, gostam de uma corporação, capitalistas e banqueiros. Defendem um conceito de propriedade lockeano, que foi refutado por proudhon que na prática fomenta a positivação da mesma acima até mesmo do individuo e sua auto propriedade, tratam o capital como essencial, são contra a autogestão, são deterministas sociais e econômicos, (os hoppeanos e blockanos) são anti-egoistas, coletivistas morais e aristocráticos, e vivem de punhetação mental, e nenhuma prática.

Não são anarquistas, no máximo voluntaristas lockeanos baseados um sistema extremo de conservadorismo liberal.

Sendo assim, os Ancaps são parte daquilo que Anarquistas posicionam-se contra: O Capitalismo e seus defensores.

1. – Por que somos contra as agências privadas, e tribunais.

A iniciativa privada, junto a seus tribunais, irão delegar a favor daqueles que tiverem condições de pagar por suas leis e formas de resolver os problemas que colocados em contratos irão agir contra aqueles que lesionarem seus titulares. Criando aí, uma punição entre os que não são participantes deste acordo, cria-se aí, uma classe dominante. Já, que se meu vizinho, não possuindo meios, ou condições para recorrer contra uma agência privada. Como posso eu, alegar que isto é liberdade? Como posso, pedir intervenção de um tribunal privado que ira punir aqueles que sequer podem recorrer.

Proudhon ampliou sua análise para além das instituições políticas, argumentando em “O que Propriedade?”, que o “proprietário” é “sinônimo” de “soberano”.

Para Proudhon:

“Capital”… no campo político é análogo a “governo”… A ideia econômica de capitalismo, as políticas de governo ou de autoridade, e a ideia teológica de igreja são três ideais idênticos, de várias formas, vinculados. Atacar uma delas é o equivalente a atacar todas elas… o que o capital faz ao trabalho, e o Estado à Liberdade, a Igreja faz com o espírito. Esta trindade do absolutismo é tão perniciosa na prática quanto o é na filosofia. O meio mais efetivo de oprimir os povos seria simultaneamente escravizar seu corpo, sua vontade e sua razão.

Sendo assim, o pensamento libertário não entraria em acordo com as agências e tribunais privados, assim, como não entra em acordo com os estatais, já que todos irão legislar a favor do proprietário, do opressor. As agências, reforçam o absolutismo dos donos do monopólio, escravizando de forma privada os trabalhadores. A diferença é a mudança no termo, retirar o estado, e dar a agência este poder. Pressionado dentro desta situação, o trabalhador sem saída, delega autoridade a um contrato, que os ancaps afirmam ser voluntário. Se a voluntariedade é delegar a autoridade a terceiros precisamente é uma deixa para permanecer o estado.

2. – Por que os Ancaps pensam com o feudalismo.

O feudalismo é o modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Sua origem aparece na decadência do Império Romano.

Quando referimos que o Ancap pensa como um senhor feudal, é pelo mesmo, basear os serviços contratuais naquilo que o feudo prega. As trocas que o Ancap pensa ser voluntária, não passa de mera exploração, entre alguém que domina e possuí toda a produção contra aquele que ganha somente por aquilo que produz, e no final acaba retomando este valor recebido para comprar pela mesma mercadoria que produz. Se o trabalhador está preso a terra, devendo obrigações ao senhor daquela terra isto, não é voluntário. No feudalismo o trabalhador é preso ao senhor feudal, no capitalismo é preso ao capitalista. O poder econômico que é concentrado nas mãos dos senhores feudais, é ganho através da exploração do trabalhador que para sobreviver submete-se a exploração. No Capitalismo, o poder econômico está nas mãos da burguesia comercial, financeira e industrial. Essa classe dominante que é dona do poder econômico, dita as formas e horários que o trabalhador deve produzir. O Ancap esquece-se que tanto os meios de produção, como as trocas voluntárias não são baseadas naquilo que é o capitalismo que fomenta e fortalece a prevalência do sistema visando o lucro, acúmulo de capital e enriquecimento daqueles que retém o Monopólio.

“Confiar ao monopólio capitalista a organização política da sociedade,é se submeter á lógica do poder monopolístico que é a do Estado governamentalista – quer seja o Estado oficial e real da ditadura proletário,quer seja o Estado real e oficioso da ditadura plutocrática ( agindo sob a cobertura de um Estado oficial reduzindo á impotência) .”
Trecho do livro: “Jean Bancal – Pierre Joseph Proudhon – Pluralismo e Autogestão”.

3. – Por que a Anarquia e o Capitalismo não se juntam.

O capitalismo tem como nas suas base a propriedade privada, liberdade de contrato, onde as trocas nos valores das moeda pela produtos é importante para a existência desse sistema, no anarquismo com suas várias formas o ideal é de ser igual para todos, os Anarquistas lutam pelo fim do Capitalismo, Estado por essas autoridades imporem o monopólio através da força. O anarquismo tem várias correntes mais com o propósito: lutar contra a opressão, é anticapitalista, e a liberdade, igualdade e fraternidade para todos. Isso muitas vezes é julgado impossível e poucos compreendem. Sendo impossível a união de Anarquismo e Capitalismo, já que ambos os dois são extremamente diferentes, de um lado o capital com seus governante onde visa o lucro material e privado, e no outro o anarquismo que preza a ausência de governo e propriedade privada.

 

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comentários
  1. F. disse:

    Perfeito seu texto
    Demonstra clara e concisamente como é fácil prostituir idéias e ideologias a partir de brechas intelectuais e de flexibilidade dialética e como os defensores do “livre mercado” se atém a conceitos parciais como ausência de Estado para empurrar uma armadilha social aos eufóricos e incautos entusiastas de novidades.

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